a seguir temos fragmentos de três autores representativos da literatura beatnik - "On The Road - Pé na Estrada" de Jack Kerouac, "O Almoço Nu" de William Burroughs e "O Uivo" de Allen Ginsberg.
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On The Road – Pé na Estrada (On The Road) – Jack Keroauc
Encontrei Dean pela primeira vez não muito depois que minha mulher e eu nos separamos. Eu tinha acabado de me livrar de uma doença séria da qual nem vale a pena falar, a não ser que teve algo a ver com a separação terrivelmente desgastante e com a minha sensação de que tudo estava morto. Com a vinda de Dean Moriarty começa a parte minha vida que se pode chamar de vida na estrada. Antes disso eu tinha sonhado muitas vezes em ir para o Oeste conhecer o país, mas não passavam de planos vagos e eu nunca dava a partida. Dean é o cara perfeito para a estrada simplesmente porque nasceu na estrada quando seus pais estavam passando por Salt Lake City em 1926, a caminho de Los Angeles, num calhambeque caindo aos pedaços. As primeiras notícias sobre ele chegaram através de Chad King, que havia me mostrado algumas cartas que ele escrevera num reformatório do Novo México. (página 19)
(...)
Mas nessa época eles dançavam pelas ruas como piões frenéticos e eu me arrastava na mesma direção como tenho feito toda minha vida, sempre rastejando atrás de pessoas que me interessam, porque, para mim, pessoas mesmo são os loucos, os que estão loucos para viver, loucos para falar, loucos para serem salvos, que querem tudo ao mesmo tempo agora, aqueles que nunca bocejam e jamais falam chavões, mas queimam, queimam, queimam como fabulosos fogos de artifício explodindo como constelações em cujo centro fervilhante – pop! – pode-se ver um brilho azul e intenso até que todos “aaaaaaah!”. Como é mesmo que eles chamavam esses garotos na Alemanha de Goethe? Desejando ardorosamente aprender como escrever tão bem quanto Carlo, Dean, como é fácil imaginar, começou a envolvê-lo com aquela alma insinuante e amorosa que só mesmo um verdadeiro vagabundo poderia ter. (páginas 24 – 25)
(...)
Mas certa noite, sem mais nem menos, piramos outra vez; fomos visitar Slim Gaillard numa pequena boate de São Francisco. Slim Gaillard é um negro alto e magro com grandes olhos melancólicos que tá sempre dizendo “Legal-oruni” e “que tal um Bourbon-oruni?” Em Frisco, multidões enormes e atentas de garotões semi-intelectuais sentavam a seus pés e o escutavam ao piano, no violão e nos bongos. Já quente, ele tira a camisa e a camiseta, e vai fundo. Faz e diz tudo que lhe vem à cabeça. Pode cantar “Cement Mixer, put-ti, put-ti” e de repente diminui o ritmo, fica em transe sobre os bongos, com as pontas dos dedos mal tamborilando o couro, enquanto todos se inclinam para a frente sem respirar só para ouvir; você imagina que ele vá fazer aquilo por cerca de um minuto, mas ele segue em frente por uma hora ou mais, fazendo um barulhinho imperceptível com a ponta de suas unhas, e cada vez mais baixo até que não se pode ouvir mais nada e os sons do trânsito entram pela porta aberta. E então ele se levanta lentamente, pega o microfone e diz, com muita calma: “Grande-oruni... belo-ovauti... olá-oruni... Bourbon-oruni... tudo-oruni... como estão os garotos da primeira fila, fazendo a cabeça com suas garotas-oruni... oruni... vauti... oruniruni...” Ficando assim por quinze minutos, sua voz cada vez mais baixa, sussurrante, até que não se pode mais ouvir. Seus enormes olhos melancólicos perscrutam a platéia.
Dean lá atrás dizendo “Meu Deus! Sim” – e entrelaçando as mãos com reverência e suando: “Sal, Slim saca todas, ele saca todas!”. Slim senta ao piano e toca duas notas, dos Mis, aí mais dois, e então um, aí dois e, de repente, o baixista balofo desperta de seu transe reverencial e se dá conta de que Slim está tocando C-Jam Blues e dedilha a corda com seu enorme dedo indicador, e um big boom, rítmico, ribomba num ritual ritmado e todo mundo começa a rebolar e Slim parece tão melancólico como sempre, e eles rolam jazz durante meia hora, e então Slim pira por completo e agarra os bongos e toca batuques cubanos tremendamente rápido e grita coisas malucas em espanhol, em árabe, em dialetos peruanos e egípcios, e em cada língua que conhece, e ele conhece inúmeras línguas. O show finalmente termina; cada show dura duas horas. Slim Gaillard se manda do palco e fica encostado numa coluna, olhando melancolicamente por cima de todas as cabeças enquanto as pessoas vêm falar com ele. Um Bourbon é rapidamente colocado em suas mãos. “Bourbon –oruni – obrigado-ovauti...” Ninguém sabe por onde paira a mente de Slim Gaillard. Certa vez, Dean sonhou que estava tendo um filho e sua barriga estava toda inchada e azul enquanto ele jazia na grama de um hospital da Califórnia. Sob uma árvore, sentado junto a um grupo de negros, estava sentando Slim Gaillard. Dean lançou-lhe um desesperado olhar de mãe. Slim disse: “Vai firme-oruni...”. Agora Dean se aproximava dele, aproximava-se do seu Deus; julgava que Gaillard fosse Deus, arrastando os pés e curvando-se reverencialmente na frente dele, convidou-o para se juntar à gente. “Ta legal-oruni”, disse Slim; ele se juntaria a qualquer um, mas não garantia que permanecesse ali em espírito. Dean arranjou uma mesa, trouxe bebidas e sentou, constrangido, na frente de Slim. Slim devaneava por cima da cabeça dele. Cada vez que ele dizia “oruni”, Dean dizia “Sim”, e ali estava eu sentado, junto com esses dois loucos. Não aconteceu nada. Para Slim Gaillard, o mundo inteiro não passava de um grande oruni. (páginas 220 – 221)
KEROUAC, Jack. On The Road – Pé na Estrada. L&PM Editores. Porto Alegre : 2004.
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Almoço Nu (Naked Lunch) – William Burroughs
[Dr. BENWAY]
O banheiro estava trancado por três horas inteirinhas... Acho que estão usando o lugar como sala de cirurgia...
ENFERMEIRA: - Não consigo encontrar o pulso, doutor.
Dr. BENWAY: - Talvez ela tenha escondido em uma dedeira e enfiado na racha.
ENFERMEIRA: - Adrenalina, doutor?
Dr. BENWAY: - O porteiro noturno roubou todo nosso estoque para se aplicar. – Olha ao seu redor e apanha um desentupidor de borracha com cabo de madeira, do tipo usado para desobstruir privadas... Aproxima-se da paciente... – Faça uma incisão, doutor Limpf – ordena a seu estarrecido assistente... – Resolvi fazer uma massagem cardíaca.
O doutor Limpf dá de ombros e começa a incisão. O doutor Benway lava o desentupidor rodopiando sua ventosa no interior da privada...
ENFERMEIRA: - Não seria o caso de esterilizar, doutor?
Dr. BENWAY: - Aposto que sim, mas não temos tempo. – Senta sobre a ventosa como se usasse de banquinho, e observa seu assistente fazendo a incisão. – Esses médicos novatos são incapazes de lancetar um furúnculo sem ajuda de um bisturi elétrico e vibratório, com dreno e sutura automáticos... Vamos acabar fazendo cirurgias por controle remoto, em pacientes que nunca encontramos pessoalmente. Cada vez mais a habilidade cirúrgica se torna desnecessária... Saber como fazer, o modo correto... Já contei da vez em que realizei uma apendicectomia com uma lata de sardinha enferrujada? Outra vez fui pego de surpresa, sem instrumento algum, e ainda assim remi um tumor uterino usando os dentes. Isso foi lá no Alto Effendi, e além do mais...
Dr. Limpf: - A incisão está pronta, doutor.
O doutor Benway aplica a ventosa do desentupidor sobre a incisão e começa a bombear. O sangue esguicha sobre os médicos, a enfermeira e as paredes. O ruídos de sucção produzido pela ventosa é tenebroso.
ENFERMEIRA: - Creio que ela faleceu, doutor.
Dr. BENWAY: - Bem, são ossos do ofício. – Cruza a sala na direção de um armário de remédios. – Algum viciado filho de uma puta misturou desinfetante na minha cocaína! Enfermeira! Mande alguém aviar esta receita agora mesmo!
(páginas 69 – 70)
BURROUGHS, William. Almoço Nu. Ediouro. São Paulo : 2005.
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Encontrei Dean pela primeira vez não muito depois que minha mulher e eu nos separamos. Eu tinha acabado de me livrar de uma doença séria da qual nem vale a pena falar, a não ser que teve algo a ver com a separação terrivelmente desgastante e com a minha sensação de que tudo estava morto. Com a vinda de Dean Moriarty começa a parte minha vida que se pode chamar de vida na estrada. Antes disso eu tinha sonhado muitas vezes em ir para o Oeste conhecer o país, mas não passavam de planos vagos e eu nunca dava a partida. Dean é o cara perfeito para a estrada simplesmente porque nasceu na estrada quando seus pais estavam passando por Salt Lake City em 1926, a caminho de Los Angeles, num calhambeque caindo aos pedaços. As primeiras notícias sobre ele chegaram através de Chad King, que havia me mostrado algumas cartas que ele escrevera num reformatório do Novo México. (página 19)
(...)
Mas nessa época eles dançavam pelas ruas como piões frenéticos e eu me arrastava na mesma direção como tenho feito toda minha vida, sempre rastejando atrás de pessoas que me interessam, porque, para mim, pessoas mesmo são os loucos, os que estão loucos para viver, loucos para falar, loucos para serem salvos, que querem tudo ao mesmo tempo agora, aqueles que nunca bocejam e jamais falam chavões, mas queimam, queimam, queimam como fabulosos fogos de artifício explodindo como constelações em cujo centro fervilhante – pop! – pode-se ver um brilho azul e intenso até que todos “aaaaaaah!”. Como é mesmo que eles chamavam esses garotos na Alemanha de Goethe? Desejando ardorosamente aprender como escrever tão bem quanto Carlo, Dean, como é fácil imaginar, começou a envolvê-lo com aquela alma insinuante e amorosa que só mesmo um verdadeiro vagabundo poderia ter. (páginas 24 – 25)
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Mas certa noite, sem mais nem menos, piramos outra vez; fomos visitar Slim Gaillard numa pequena boate de São Francisco. Slim Gaillard é um negro alto e magro com grandes olhos melancólicos que tá sempre dizendo “Legal-oruni” e “que tal um Bourbon-oruni?” Em Frisco, multidões enormes e atentas de garotões semi-intelectuais sentavam a seus pés e o escutavam ao piano, no violão e nos bongos. Já quente, ele tira a camisa e a camiseta, e vai fundo. Faz e diz tudo que lhe vem à cabeça. Pode cantar “Cement Mixer, put-ti, put-ti” e de repente diminui o ritmo, fica em transe sobre os bongos, com as pontas dos dedos mal tamborilando o couro, enquanto todos se inclinam para a frente sem respirar só para ouvir; você imagina que ele vá fazer aquilo por cerca de um minuto, mas ele segue em frente por uma hora ou mais, fazendo um barulhinho imperceptível com a ponta de suas unhas, e cada vez mais baixo até que não se pode ouvir mais nada e os sons do trânsito entram pela porta aberta. E então ele se levanta lentamente, pega o microfone e diz, com muita calma: “Grande-oruni... belo-ovauti... olá-oruni... Bourbon-oruni... tudo-oruni... como estão os garotos da primeira fila, fazendo a cabeça com suas garotas-oruni... oruni... vauti... oruniruni...” Ficando assim por quinze minutos, sua voz cada vez mais baixa, sussurrante, até que não se pode mais ouvir. Seus enormes olhos melancólicos perscrutam a platéia.
Dean lá atrás dizendo “Meu Deus! Sim” – e entrelaçando as mãos com reverência e suando: “Sal, Slim saca todas, ele saca todas!”. Slim senta ao piano e toca duas notas, dos Mis, aí mais dois, e então um, aí dois e, de repente, o baixista balofo desperta de seu transe reverencial e se dá conta de que Slim está tocando C-Jam Blues e dedilha a corda com seu enorme dedo indicador, e um big boom, rítmico, ribomba num ritual ritmado e todo mundo começa a rebolar e Slim parece tão melancólico como sempre, e eles rolam jazz durante meia hora, e então Slim pira por completo e agarra os bongos e toca batuques cubanos tremendamente rápido e grita coisas malucas em espanhol, em árabe, em dialetos peruanos e egípcios, e em cada língua que conhece, e ele conhece inúmeras línguas. O show finalmente termina; cada show dura duas horas. Slim Gaillard se manda do palco e fica encostado numa coluna, olhando melancolicamente por cima de todas as cabeças enquanto as pessoas vêm falar com ele. Um Bourbon é rapidamente colocado em suas mãos. “Bourbon –oruni – obrigado-ovauti...” Ninguém sabe por onde paira a mente de Slim Gaillard. Certa vez, Dean sonhou que estava tendo um filho e sua barriga estava toda inchada e azul enquanto ele jazia na grama de um hospital da Califórnia. Sob uma árvore, sentado junto a um grupo de negros, estava sentando Slim Gaillard. Dean lançou-lhe um desesperado olhar de mãe. Slim disse: “Vai firme-oruni...”. Agora Dean se aproximava dele, aproximava-se do seu Deus; julgava que Gaillard fosse Deus, arrastando os pés e curvando-se reverencialmente na frente dele, convidou-o para se juntar à gente. “Ta legal-oruni”, disse Slim; ele se juntaria a qualquer um, mas não garantia que permanecesse ali em espírito. Dean arranjou uma mesa, trouxe bebidas e sentou, constrangido, na frente de Slim. Slim devaneava por cima da cabeça dele. Cada vez que ele dizia “oruni”, Dean dizia “Sim”, e ali estava eu sentado, junto com esses dois loucos. Não aconteceu nada. Para Slim Gaillard, o mundo inteiro não passava de um grande oruni. (páginas 220 – 221)
KEROUAC, Jack. On The Road – Pé na Estrada. L&PM Editores. Porto Alegre : 2004.
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Almoço Nu (Naked Lunch) – William Burroughs
[Dr. BENWAY]
O banheiro estava trancado por três horas inteirinhas... Acho que estão usando o lugar como sala de cirurgia...
ENFERMEIRA: - Não consigo encontrar o pulso, doutor.
Dr. BENWAY: - Talvez ela tenha escondido em uma dedeira e enfiado na racha.
ENFERMEIRA: - Adrenalina, doutor?
Dr. BENWAY: - O porteiro noturno roubou todo nosso estoque para se aplicar. – Olha ao seu redor e apanha um desentupidor de borracha com cabo de madeira, do tipo usado para desobstruir privadas... Aproxima-se da paciente... – Faça uma incisão, doutor Limpf – ordena a seu estarrecido assistente... – Resolvi fazer uma massagem cardíaca.
O doutor Limpf dá de ombros e começa a incisão. O doutor Benway lava o desentupidor rodopiando sua ventosa no interior da privada...
ENFERMEIRA: - Não seria o caso de esterilizar, doutor?
Dr. BENWAY: - Aposto que sim, mas não temos tempo. – Senta sobre a ventosa como se usasse de banquinho, e observa seu assistente fazendo a incisão. – Esses médicos novatos são incapazes de lancetar um furúnculo sem ajuda de um bisturi elétrico e vibratório, com dreno e sutura automáticos... Vamos acabar fazendo cirurgias por controle remoto, em pacientes que nunca encontramos pessoalmente. Cada vez mais a habilidade cirúrgica se torna desnecessária... Saber como fazer, o modo correto... Já contei da vez em que realizei uma apendicectomia com uma lata de sardinha enferrujada? Outra vez fui pego de surpresa, sem instrumento algum, e ainda assim remi um tumor uterino usando os dentes. Isso foi lá no Alto Effendi, e além do mais...
Dr. Limpf: - A incisão está pronta, doutor.
O doutor Benway aplica a ventosa do desentupidor sobre a incisão e começa a bombear. O sangue esguicha sobre os médicos, a enfermeira e as paredes. O ruídos de sucção produzido pela ventosa é tenebroso.
ENFERMEIRA: - Creio que ela faleceu, doutor.
Dr. BENWAY: - Bem, são ossos do ofício. – Cruza a sala na direção de um armário de remédios. – Algum viciado filho de uma puta misturou desinfetante na minha cocaína! Enfermeira! Mande alguém aviar esta receita agora mesmo!
(páginas 69 – 70)
BURROUGHS, William. Almoço Nu. Ediouro. São Paulo : 2005.
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Uivo e Outros Poemas (Howl and Other Poems) - Allen Ginsberg
Uivo
para Carl Solomon
Eu vi os expoentes da minha geração destruídos pela loucura, morrendo de fome, histéricos, nus,
arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada em busca uma dose violenta de qualquer coisa
"hipsters" com cabeça de anjo ansiando pelo antigo contato celestial com o dínamo estrelado da maquinaria da noite,
que pobres, esfarrapados e olheiras fundas, viajaram fumando sentados na sobrenatural escuridão dos miseráveis apartamentos sem água quente, flutuando sobre os tetos das cidades contemplando jazz,
que desnudaram seus Cérebros ao céu sob o Elevados e viram anjos maometanos cambaleando iluminados nos telhados das casas de cômodos,
que passaram por universidades com olhos frios e radiantes alucinando Arkansas e tragédias à luz de William Blake entre os estudiosos da guerra,
que foram expulsos das universidades por serem loucos & publicarem odes obscenas nas janelas do crânio,
(...)
para recriar a sintaxe e a medida da pobre prosa humana e ficaram parados à sua frente, mudos e inteligentes e trêmulos de vergonha, rejeitados todavia expondo a alma para conformar-se ao ritmo do pensamento na sua cabeça nua e infinita,
(...)
Moloch! Solidão! Imundice! Fealdade! Cinzeiros e dólares inobteníveis! Crianças gritando
debaixo das escadarias! Rapazes soluçando nos exércitos! Idosos chorando nos parques!
Moloch! Moloch! Pesadelo de Moloch! Moloch o sem amor! Moloch Mental! Moloch o pesado
julgador dos homens!
Moloch a prisão incompreensível! Moloch os desalmados ossos cruzados da cadeia e Congresso
de desgostos! Moloch cujos prédios são julgamento! Moloch a vasta pedra da guerra!
Moloch os aturdidos governos!
Moloch cuja mente é pura maquinaria! Moloch cujo sangue é puro dinheiro! Moloch cujos
dedos são dez exércitos! Moloch cujo seio é um dínamo canibal! Moloch cujo ouvido é uma tumba fumegante!
(...)
Carl Solomon! Eu estou contigo no manicómio de Rockland
onde tu estás mais enlouquecido do que eu sou
Eu estou contigo no manicómio de Rockland
onde te deves sentir muito estranho
Eu estou contigo no manicómio de Rockland
onde tu imitas a sombra da minha mãe
Eu estou contigo no manicómio de Rockland
onde tu assassinaste os teus doze secretários
Eu estou contigo no manicómio de Rockland
onde escarneço deste humor invisível
GINSBERG, Allen. Uivo e Outros Poemas. L&PM Editores. Porto Alegre : 1999.
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