terça-feira, 30 de outubro de 2007

moda brasileira em livros

olha que bacana: a editora cosac naify está lançando uma coleção de livros chamada "Coleção Moda Brasileira - Alexandre Herchcovitch, Gloria Coelho, Lino Villaventura, Ronaldo Fraga e Walter Rodrigues". privilegiando cinco importantes estilistas a coleção traça um panorama da moda contemporânea. a organização ficou a cargo de João Rodolfo Queiroz e Reinaldo Botelho. o livro tem textos de Charles Cosac, Carlos Mauro Fonseca, Jackson Araújo, Carol Garcia e Eva Joory; e o prefácio de Regina Guerreiro, Glória Kalil, Alvaro Machado, João Braga e Mário Mendes.


essa semana também têm lançamento de um livro da Glória Kalil e eventos com esse tema na Livraria Cultura.


semana que vem tem um o seminário "pensemoda" com temas e participações de gente importante. legal para quem está nesse mercado, quer se atualizar e mais do que isso quer pensar sobre moda.

CRÍTICA DA CULTURA EM CRISE?

parece que existe uma certa crise nos meios de comunicação modernos. mas quero chamar atenção para uma crise nos cadernos de cultura do país que veio a tona não só com a chegada da internet mas também dos sites especializados e dos blogs.


o caderno cultural - seja ele de jornal ou de revista - serve para comunicar a um público mais amplo algumas notícias, resenhas ou críticas sobre antigos e novos produtos culturais. esses cadernos funcionam como uma espécie de antena para nortear aqueles que querem saber o que anda acontecendo.


durante muito tempo a crítica e o "gosto do público" foi moldado por esses centros de informação. acontece que veio a internet e com ela o e-mail, os blogs, fotolog, youtube, myspace, orkut, etc. todo mundo que sabia como mexer com essas "coisas" passou a distribuir opiniões sobre o que lia, via ou ouvia. agora existe uma geração que está mais habituada a essa linguagem e não só produzem como consomem informação por esses meios. o resultado é que hoje em dia existe uma maneira diferente de consumir crítica cultural e essa crise está um pouco instaurada nos cadernos de cultura.


todo mundo hoje em dia é crítico de música, cinema e literatura. e parece que ninguém anda dando muita bola para o que a crítica especializada está falando no jornal ou na revista. todo mundo agora lê os blogs e sites.


a folha de sp publicou no caderno ilustrada dos dias 24 e 25/10 artigos de Leon Cakoff (diretor da mostra de cinema sp) e Cássio Starling Carlos (crítico da folha) sobre uma crise na crítica de cinema. ambos defendem pontos de vista diferentes e complementares.


outro exemplo dessa suposta confusão está na cobertura do TIM Festival. todo mundo tinha alguma coisa para apontar de bom e de ruim, acreditem havia gente que gostava de uma coisa e havia gente que não gostava dessa mesma coisa. o jornalista lúcio ribeiro apontou isso no blog dele. denovo aqui parece ficar claro a divisão a crítica fala e ninguém segue ou tudo mundo segue e a crítica fala.


dá para lembrar daquele debate que houve ano passado sobre o silêncio dos intelectuais e a crise existente no mundo.


enfim, essa discussão é interessante e curiosa. parece que agora começa a ficar evidente a multiplicidade de opiniões e gostos que pode existir sobre um mesmo fato. como diz aquele ditado "opinião é que nem bunda, cada um tem a sua". agora é preciso pensar sobre qual o papel da crítica num mundo como esse e como a crítica e os cadernos de cultura podem dar conta disso tudo. alguém aponta alguma saída?

sim, foi bacana o tim festival


sim, björk fez um show extraordinário! e sabe que acompanhando todos os discos dela e notícias sobre o show dá pra perceber que ela é uma pessoa meio obstinada por uma pesquisa sonora. é só você pegar desde o primeiro disco e vai ver. no show isso fica bem mais evidente pela maneira como tudo é concebido. ela estava com aquele mesmo vestido da capa da revista "dazed and confused". quando entrou parecia uma entidade ou coisa assim, mítica. o cenário, os efeitos e aquele aparato de instrumentos musicais é simplesmente fantástico. fora o momento em que ela mostra toda a sua potência vocal... o final também foi apoteótico! grande show!


o hot chip também foi responsável por um dos melhores momentos da noite. a banda talvez seja desconhecida - já que tem só um hit bem famoso "over and over". porém, os caras tem maturidade na apresentação e além disso executam muito bem as músicas que vai ganhando corpo bem aos poucos até cair numa massa sonora incrível. pena que tiveram problemas de equipamento... o show deles em ambiente menor deve ser animal.


por fim, o arctic monkeys que tem um show fantástico apesar de tudo o que falam. como sempre dizemos por aí: é bom ver uns garotos fazendo rock and roll simples e do seu tempo - melhor do que muita gente. a apresentação tem aquelas coisas mesmo de não falar muito e emendar uma canção na outra... show sem afetações, ainda bem. acho que em mais um ano eles vão estar bastante afiados.


o mico ficou para juliette and the licks. foi bem chatinho. outro ponto bastante chato foi a longa espera entre shows e a falta de organização na hora de comprar bebida e comida.

domingo, 28 de outubro de 2007

a noite


como a chance de ver qualquer coisa na mostra de cinema está impossível, melhor apelar para o dvd mesmo. não tem fila, não tem briga e nem aperto. tá certo que ver o filme no cinema é bem mais interessante... mas será que o crime anda compensando.

deixando isso de lado, a gente foi ver um dvd do michelangelo antonioni - "a noite". cara, o filme é simplesmente sensacional. também para um time de talento como marcelo mastroiani, jeane moureau, mônica vitti e antonioni na direção não poderia dar em outra coisa. todo em preto e branco, o filme conta a história de um casal que já não se ama mais e ainda assim vivem juntos para não quebrar aquela união. veja, esse filme faz parte de uma trilogia de antonioni chamada "a trilogia da incomunicabilidade".

outro dia, lendo uma revista, um artigo dizia que antonioni foi mestre em mostrar um homem moderno que não consegue mais se adaptar ao mundo que habita. a sociedade, as relações humanas, as casas, os prédios e toda a vida já não é mais igual. esse homem habita esse mundo e não sabe o que fazer com ele. o filme toca justamente nesses pontos... com tomadas incríveis de milão. fora as cenas quase oníricas... enfim... um filme lindo e muito importante. pra gente saber um pouco mais da gente mesmo e da vida e da sociedade...

e viva antonioni!

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

denovo a mesma coisa

ser rebelde está mesmo na moda, né? porque será que essa onda está rolando por aí? e essa deve ser a "próxima grande coisa" depois do "rehab" (aquela história de ir pra clínica de reabilitação e sair de lá em grande estilo). só que esse negócio de rebeldia já é mais velho do que a gente. como postamos aqui um dia desses, desde os anos 50 a juventude ficou transviada. e olha que naquele tempo ser rebelde era uma coisa de outro planeta. durantes as décadas subsequentes - anos 60 , 70 e 80 - parece que a rebeldia ganhou o mundo com mais força a profundeza.

mas sabe o que é mais curioso? passou a haver um tipo de rebeldia falso, sem muita razão de ser - coisas do nosso mundo pós-moderno. dá até pra lembrar do burroughs - o cara beatnik -, quando ele viu os rolling stones na tv com aquela coisa do "their satanic majesties request" ele achou tudo muito fraquinho e falou que era tudo pose do richards e jagger. ele até disse: "dá pra apresentá-los para sua mãe" - querendo dizer que eles não metem medo em ninguém.

enfim... a rebeldia tá aí e tá na moda!

coisas do TIM

-> feist, a musa dos modernos, cancelou sua apresentação por problemas de saúde. uma pena! quem ganha é o público que terá mais uma chance de ver Cat Power em SP e Antony no RJ.

-> tá todo mundo com medo do sistema de som do show em SP. em edições anteriores esse foi o calcanhar de aquiles, tomara que os caras tenham pensado nisso com muito carinho. sistema de som ruim pode acabar com qualquer apresentação, mesmo que ela seja muito boa.

-> parece que a preferência pelos shows anda meio diluída. o que todo mundo quer assistir é ao show da björk - só que ela vai fazer um show cedo e depois dela ainda vai ter muita coisa. arctic monkeys e killers devem ser os arrasa quarteirão - lembre-se que quem vai esquentar tudo é juliette & the licks.

-> a gente não vai ao lindstrom hoje... ah! pelo menos não até o momento, vai que dá uma loucura. se alguém for, pelo amor de deus, conta pra gente como é que foi. deve ser no mínimo embasbacante.

-> diz que todo mundo vai cantar em coro com o arctic monkeys e com o killers.

-> você não comprou? tá esperando o que?

que rufem os tambores

com o tim festival será data a largada para a série de festivais e show que acontecem por aqui. depois vai ter festival planeta terra, chemical brothers, lcd soundsystem, motomix, nokia trends, etc. pena que a CLARO não se manifestou até o momento, isso significa que provavelmente não teremos o CLARO que é rock! se bem que com os preços salgados é melhor nem aparecer mais nada mesmo.

depois a gente comenta por aqui... lógico!

nas bancas e na vida


putz! fui ver a capa da revista I-D desse mês e fiquei embasbacado. ela tem Kate Moss (sim, Kate Moss!) com um cabelo loiro quase branco e detalhe: ela não está piscando! mas tem uma franja cobrindo um dos seus olhos - é que todas as pessoas que saem na capa da I-D estão sempre piscando. detalhe para a chamada "you want me to say who I am?".


e mais: o release dessa edição ainda fala que todo mundo adora um rebelde. por isso, a revista está recheada de um conceito punk - tem Malcolm McLaren, Sex Pistols, Sid Vicious e Vivienne Westwood. aliás, me parece bem apropriado que uma revista como a I-D (que por tradição está muito ligada a moda que vem das ruas) traga essa edição rebelde depois do desfile de Vivienne Westwood na semana de moda de Paris - era todo protesto.

é a vez das loiras

e não é que debbie harry ganhou o mundo na semana passada? é porque ela vai lançar um disco novo com coisas novas e com participação de gente nova. diz que vai rolar um filme-biografia dela também e a atriz poderá ser kirsten dunst - bacana já que as duas são muito parecidas.


sabe que a debbie harry foi meio ícone dos anos 80, diva do punk e tudo o mais. tem uma famosa foto dela feita por andy warhol naquela série "polaroid".


é marilyn monroe, debbie harry, kate moss... as loiras devem estar na moda mesmo.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

uma pausa

dizem que a mostra de cinema sp tá a maior loucura! tem gente que até saiu no tapa porque não conseguia ingresso ou por conta da confusão no momento de entrar na sala. parece que ir a mostra está se tornando uma aventura única.

pior ainda é aquele momento em que os monitores chegam na fila e dizem "o filme não chegou e a data será alterada".

quem conseguir um ingresso para ver qualquer filme, por favor, avise! a gente não conseguiu ver nada.

rebelde sem causa

por conta dessa história dos beatniks fui rever aquele filme "rebel without a cause" - que no brasil ficou traduzido como "juventude transviada". o filme é muito bom e retrata como nenhum outro o que era a juventude dos anos 50 ao lado só mesmo "wild one" (o selvagem da motocicleta) - lembre-se é o período do pós-guerra e da guerra fria. foi realmente um momento em que começou a nascer um novo comportamento dentro da sociedade movido por uma geração que não tinha muita autonomia ou muita voz, uma geração que tinha de se tornar responsável muito cedo. e essa juventude do filme, ou parte dela, faria mais tarde a contracultura dos anos 60 e 70.

a interpretação de james dean também é fenomenal. ele agia de forma muito espotânea e natural - embora muita coisa do filme tenha ficado datada. é com ele que nasce o visual clássico da calça jeans, camiseta branca e jaqueta.

quem conseguir a edição especial em dvd terá direito ao um dvd com extras do filme. material super legal para entender ainda mais os anos 50, james dean e o filme em si.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

panorama: textos beatniks

a seguir temos fragmentos de três autores representativos da literatura beatnik - "On The Road - Pé na Estrada" de Jack Kerouac, "O Almoço Nu" de William Burroughs e "O Uivo" de Allen Ginsberg.
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On The Road – Pé na Estrada (On The Road) – Jack Keroauc

Encontrei Dean pela primeira vez não muito depois que minha mulher e eu nos separamos. Eu tinha acabado de me livrar de uma doença séria da qual nem vale a pena falar, a não ser que teve algo a ver com a separação terrivelmente desgastante e com a minha sensação de que tudo estava morto. Com a vinda de Dean Moriarty começa a parte minha vida que se pode chamar de vida na estrada. Antes disso eu tinha sonhado muitas vezes em ir para o Oeste conhecer o país, mas não passavam de planos vagos e eu nunca dava a partida. Dean é o cara perfeito para a estrada simplesmente porque nasceu na estrada quando seus pais estavam passando por Salt Lake City em 1926, a caminho de Los Angeles, num calhambeque caindo aos pedaços. As primeiras notícias sobre ele chegaram através de Chad King, que havia me mostrado algumas cartas que ele escrevera num reformatório do Novo México. (página 19)

(...)

Mas nessa época eles dançavam pelas ruas como piões frenéticos e eu me arrastava na mesma direção como tenho feito toda minha vida, sempre rastejando atrás de pessoas que me interessam, porque, para mim, pessoas mesmo são os loucos, os que estão loucos para viver, loucos para falar, loucos para serem salvos, que querem tudo ao mesmo tempo agora, aqueles que nunca bocejam e jamais falam chavões, mas queimam, queimam, queimam como fabulosos fogos de artifício explodindo como constelações em cujo centro fervilhante – pop! – pode-se ver um brilho azul e intenso até que todos “aaaaaaah!”. Como é mesmo que eles chamavam esses garotos na Alemanha de Goethe? Desejando ardorosamente aprender como escrever tão bem quanto Carlo, Dean, como é fácil imaginar, começou a envolvê-lo com aquela alma insinuante e amorosa que só mesmo um verdadeiro vagabundo poderia ter. (páginas 24 – 25)

(...)

Mas certa noite, sem mais nem menos, piramos outra vez; fomos visitar Slim Gaillard numa pequena boate de São Francisco. Slim Gaillard é um negro alto e magro com grandes olhos melancólicos que tá sempre dizendo “Legal-oruni” e “que tal um Bourbon-oruni?” Em Frisco, multidões enormes e atentas de garotões semi-intelectuais sentavam a seus pés e o escutavam ao piano, no violão e nos bongos. Já quente, ele tira a camisa e a camiseta, e vai fundo. Faz e diz tudo que lhe vem à cabeça. Pode cantar “Cement Mixer, put-ti, put-ti” e de repente diminui o ritmo, fica em transe sobre os bongos, com as pontas dos dedos mal tamborilando o couro, enquanto todos se inclinam para a frente sem respirar só para ouvir; você imagina que ele vá fazer aquilo por cerca de um minuto, mas ele segue em frente por uma hora ou mais, fazendo um barulhinho imperceptível com a ponta de suas unhas, e cada vez mais baixo até que não se pode ouvir mais nada e os sons do trânsito entram pela porta aberta. E então ele se levanta lentamente, pega o microfone e diz, com muita calma: “Grande-oruni... belo-ovauti... olá-oruni... Bourbon-oruni... tudo-oruni... como estão os garotos da primeira fila, fazendo a cabeça com suas garotas-oruni... oruni... vauti... oruniruni...” Ficando assim por quinze minutos, sua voz cada vez mais baixa, sussurrante, até que não se pode mais ouvir. Seus enormes olhos melancólicos perscrutam a platéia.

Dean lá atrás dizendo “Meu Deus! Sim” – e entrelaçando as mãos com reverência e suando: “Sal, Slim saca todas, ele saca todas!”. Slim senta ao piano e toca duas notas, dos Mis, aí mais dois, e então um, aí dois e, de repente, o baixista balofo desperta de seu transe reverencial e se dá conta de que Slim está tocando C-Jam Blues e dedilha a corda com seu enorme dedo indicador, e um big boom, rítmico, ribomba num ritual ritmado e todo mundo começa a rebolar e Slim parece tão melancólico como sempre, e eles rolam jazz durante meia hora, e então Slim pira por completo e agarra os bongos e toca batuques cubanos tremendamente rápido e grita coisas malucas em espanhol, em árabe, em dialetos peruanos e egípcios, e em cada língua que conhece, e ele conhece inúmeras línguas. O show finalmente termina; cada show dura duas horas. Slim Gaillard se manda do palco e fica encostado numa coluna, olhando melancolicamente por cima de todas as cabeças enquanto as pessoas vêm falar com ele. Um Bourbon é rapidamente colocado em suas mãos. “Bourbon –oruni – obrigado-ovauti...” Ninguém sabe por onde paira a mente de Slim Gaillard. Certa vez, Dean sonhou que estava tendo um filho e sua barriga estava toda inchada e azul enquanto ele jazia na grama de um hospital da Califórnia. Sob uma árvore, sentado junto a um grupo de negros, estava sentando Slim Gaillard. Dean lançou-lhe um desesperado olhar de mãe. Slim disse: “Vai firme-oruni...”. Agora Dean se aproximava dele, aproximava-se do seu Deus; julgava que Gaillard fosse Deus, arrastando os pés e curvando-se reverencialmente na frente dele, convidou-o para se juntar à gente. “Ta legal-oruni”, disse Slim; ele se juntaria a qualquer um, mas não garantia que permanecesse ali em espírito. Dean arranjou uma mesa, trouxe bebidas e sentou, constrangido, na frente de Slim. Slim devaneava por cima da cabeça dele. Cada vez que ele dizia “oruni”, Dean dizia “Sim”, e ali estava eu sentado, junto com esses dois loucos. Não aconteceu nada. Para Slim Gaillard, o mundo inteiro não passava de um grande oruni. (páginas 220 – 221)

KEROUAC, Jack. On The Road – Pé na Estrada. L&PM Editores. Porto Alegre : 2004.

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Almoço Nu (Naked Lunch) – William Burroughs

[Dr. BENWAY]

O banheiro estava trancado por três horas inteirinhas... Acho que estão usando o lugar como sala de cirurgia...
ENFERMEIRA: - Não consigo encontrar o pulso, doutor.
Dr. BENWAY: - Talvez ela tenha escondido em uma dedeira e enfiado na racha.
ENFERMEIRA: - Adrenalina, doutor?
Dr. BENWAY: - O porteiro noturno roubou todo nosso estoque para se aplicar. – Olha ao seu redor e apanha um desentupidor de borracha com cabo de madeira, do tipo usado para desobstruir privadas... Aproxima-se da paciente... – Faça uma incisão, doutor Limpf – ordena a seu estarrecido assistente... – Resolvi fazer uma massagem cardíaca.
O doutor Limpf dá de ombros e começa a incisão. O doutor Benway lava o desentupidor rodopiando sua ventosa no interior da privada...
ENFERMEIRA: - Não seria o caso de esterilizar, doutor?
Dr. BENWAY: - Aposto que sim, mas não temos tempo. – Senta sobre a ventosa como se usasse de banquinho, e observa seu assistente fazendo a incisão. – Esses médicos novatos são incapazes de lancetar um furúnculo sem ajuda de um bisturi elétrico e vibratório, com dreno e sutura automáticos... Vamos acabar fazendo cirurgias por controle remoto, em pacientes que nunca encontramos pessoalmente. Cada vez mais a habilidade cirúrgica se torna desnecessária... Saber como fazer, o modo correto... Já contei da vez em que realizei uma apendicectomia com uma lata de sardinha enferrujada? Outra vez fui pego de surpresa, sem instrumento algum, e ainda assim remi um tumor uterino usando os dentes. Isso foi lá no Alto Effendi, e além do mais...
Dr. Limpf: - A incisão está pronta, doutor.
O doutor Benway aplica a ventosa do desentupidor sobre a incisão e começa a bombear. O sangue esguicha sobre os médicos, a enfermeira e as paredes. O ruídos de sucção produzido pela ventosa é tenebroso.
ENFERMEIRA: - Creio que ela faleceu, doutor.
Dr. BENWAY: - Bem, são ossos do ofício. – Cruza a sala na direção de um armário de remédios. – Algum viciado filho de uma puta misturou desinfetante na minha cocaína! Enfermeira! Mande alguém aviar esta receita agora mesmo!

(páginas 69 – 70)

BURROUGHS, William. Almoço Nu. Ediouro. São Paulo : 2005.

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Uivo e Outros Poemas (Howl and Other Poems) - Allen Ginsberg

Uivo
para Carl Solomon

Eu vi os expoentes da minha geração destruídos pela loucura, morrendo de fome, histéricos, nus,
arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada em busca uma dose violenta de qualquer coisa
"hipsters" com cabeça de anjo ansiando pelo antigo contato celestial com o dínamo estrelado da maquinaria da noite,
que pobres, esfarrapados e olheiras fundas, viajaram fumando sentados na sobrenatural escuridão dos miseráveis apartamentos sem água quente, flutuando sobre os tetos das cidades contemplando jazz,
que desnudaram seus Cérebros ao céu sob o Elevados e viram anjos maometanos cambaleando iluminados nos telhados das casas de cômodos,
que passaram por universidades com olhos frios e radiantes alucinando Arkansas e tragédias à luz de William Blake entre os estudiosos da guerra,
que foram expulsos das universidades por serem loucos & publicarem odes obscenas nas janelas do crânio,
(...)
para recriar a sintaxe e a medida da pobre prosa humana e ficaram parados à sua frente, mudos e inteligentes e trêmulos de vergonha, rejeitados todavia expondo a alma para conformar-se ao ritmo do pensamento na sua cabeça nua e infinita,

(...)

Moloch! Solidão! Imundice! Fealdade! Cinzeiros e dólares inobteníveis! Crianças gritando
debaixo das escadarias! Rapazes soluçando nos exércitos! Idosos chorando nos parques!
Moloch! Moloch! Pesadelo de Moloch! Moloch o sem amor! Moloch Mental! Moloch o pesado
julgador dos homens!
Moloch a prisão incompreensível! Moloch os desalmados ossos cruzados da cadeia e Congresso
de desgostos! Moloch cujos prédios são julgamento! Moloch a vasta pedra da guerra!
Moloch os aturdidos governos!
Moloch cuja mente é pura maquinaria! Moloch cujo sangue é puro dinheiro! Moloch cujos
dedos são dez exércitos! Moloch cujo seio é um dínamo canibal! Moloch cujo ouvido é uma tumba fumegante!

(...)

Carl Solomon! Eu estou contigo no manicómio de Rockland
onde tu estás mais enlouquecido do que eu sou
Eu estou contigo no manicómio de Rockland
onde te deves sentir muito estranho
Eu estou contigo no manicómio de Rockland
onde tu imitas a sombra da minha mãe
Eu estou contigo no manicómio de Rockland
onde tu assassinaste os teus doze secretários
Eu estou contigo no manicómio de Rockland
onde escarneço deste humor invisível

GINSBERG, Allen. Uivo e Outros Poemas. L&PM Editores. Porto Alegre : 1999.

domingo, 21 de outubro de 2007

Panorama da Literatura Beatnik

a literatura beatnik ganhou o mundo e abriu precedentes importantes para a diversidade cultural e os movimentos de contracultura que viriam a surgir nas décadas de 60 e 70. esse ano comemorasse 50 anos do lançamento de "On The Road - Pé na Estrada". esse especial mostra um pequeno panorama sobre a literatura beatnik que teve início nos Estados Unidos na década de 50.

CONTEXTO HISTÓRICO - anos 50

-> 1945 - Final da II Guerra Mundial;
-> GUERRA FRIA: disputa hegemônica entre o capitalismo e o socialismo (EUA x URSS - superpotências);
-> Inicio da era das massas;
-> Presidente americano - Dwight D. Eisenhower;
-> Corrida armamentista e espacial;
-> Macartismo: Joseph MacCarthy e a caça às bruxas;
-> Crença em Deus, na família e na subserviência as ambições da nação;
-> Normal x anormal.



LITERATURA BEATNIK - TEMAS E FORMAS

-> A cultura hipster e os beats;
-> Referências literárias: William Blake, Walt Whitman, T. S. Eliot, Herman Melville, dadaísmo e surrealismo;
-> Referências filosóficas: Emerson e Thoreau;
-> Aproximação entre literatura e vida;
-> Gosto pela loucura, as drogas e o sexo;

-> Prosa espontânea;
-> Factualismo;
-> Cut Up;
-> Poesia imagética com novos ritmos;
-> Aproximação da fala: uso de gíria e vocabulário hipster
-> Alterações gramaticais.


sexta-feira, 19 de outubro de 2007

hot chip - disco novo ano que vem



o hot chip - que faz shows por aqui semana que vem no TIM Festival - vai lançar um disco novo, mas só no ano que vem deve sair. provavelmente eles darão algumas pistas nessas apresentações.


o que vai suceder o ótimo The Warning, será Made in The Dark. diz que vai ser mais misturado ainda. no que depender desses caras é bem verdade, eles tem uma pesquisa super atual e um jeito muito tranqüilo de criar. é uma das bandas mais legais do momento pq fogem de tudo aquilo que virou regra - e ainda bem, eles não tem nada de anos 80.

mais coisas para o final do ano

pra quem achava que o ano ia terminar com o TIM Festival a surpresa foi muito boa. os festivais Motomix e Nokia Trends já confirmaram suas datas e alguns sinais da programação. parece que dessa vez o Motomix volta a investir em várias plataformas de arte - portanto haverá cinema e shows para todo mundo durante uma semana inteira; os eventos rolam no parque do ibirapuera (com o aparat), haverá filmes na sala cinemateca e festas em vários clubes da cidade. atenção: black devil disco club no d-edge! e o boyz noise no vegas.
o nokia trends ainda não anunciou a programação oficial. até agora sabemos que vem o Van She e do She Wants a Revenge. bacana!

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

sobre os 4 compositores americanos

assistindo alguns episódios da série que peter greenaway fez para TV fiquei com a impressão de que música contemporânea dos estados unidos tem certa vocação para a experimentação - por mais incrível que isso possa parecer, já que os americanos são tidos como conservadores e adoradores da fórmula de sucesso.

uma vez disseram para o john cage "deve ser difícil para vocês americanos compor música já que você estão longe da europa" e ele disse "deve ser difícil para vocês europeus compor música já que vocês estão na europa". essa frase resume bem esse espírito mais solto e diferente de criar música. como os europeus estão em meio a tradição ficam presos a ela. já os americanos tem toda liberdade de invertar.






-> dos quatro apresentados john cage é o mais antigo. ele estudou com arnold schoenberg (que estava morando nos estados unidos por causa da segunda guerra) mas desistiu de tudo porque não conseguia entender a harmonia da música dodecafônica. formou um conjunto de percussão e a partir daí começou sua pesquisa sonora com o piano preparado, depois partiu para as performances que incluiam música, teatro, poesia, etc; depois cage partiu para a música aleatória, ele lançava dados (que depois foram substituídos pelo i ching) e tocava piano conforme o resultado que saísse. Seu trabalho mais impactante talvez seja o uso revolucionário que fez de sons, ruídos do ambiente e o uso do silêncio. uma das peças mais famosas é 4'33'' - literalmente quatro minutos e trinta e três segundos de silêncio.







-> phillip glass tem uma formação mais clássica e faz uma música mais "voltada" a tradição. a experimentação de glass está no modo como trabalha isso: ele compõe a chamada música minimalista que pega certas massas sonoras (um conjunto de notas) e repete elas até a exaustão com pequenas variações. seu trabalho de ataque é feito na harmonia já que a melodia é que se repete bastante. há momentos em suas composições em que a música parece se tornar material, quase física.





-> cage e glass queriam atacar a música fazendo uso de instrumentos, já meredith monk queria explorar a voz humana e ir aos limites. a diferença é que monk queria depedender apenas de seu corpo para fazer música como quisesse e onde quisesse. aqui é um caso para se pensar no artista usando seu corpo como instrumento da arte. seu trabalho ainda envolveu teatro, dança e cinema - para cada uma dessas linguagens ela também queria achar uma maneira própria de misturar tudo o quanto pudesse.





-> robert ashley é outro musico que trabalho um pouco distante da música da tradição. seu formato preferido foram as óperas eletrônicas que longe da ópera tradicional fundiam as mais diversas linguagens e disciplinas. sem dúvida, sua "perfect lives" é o que mais se aproxima daquilo que peter greenaway deseja ser. foi ashley que compôs a primeira ópera escrita para televisão. mais tarde greenaway embarcaria na mesma idéia ao fazer filmes como "livro de cabeceira" e todas as séries para tv - ele também queria uma obra de arte que abrangesse todas as linguagens.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

a volta do shorts



sabe o shorts masculino? aquele que você usava nas aulas de educação física, ou mesmo para jogar futebol no fim de semana. pois é, ele está voltando com força total. só que em cores fortes, tecidos novos e caras diferentes. no ano passado ele já estava nas passarelas mais cobiçadas do planeta e curiosamente voltou nos desfiles de moda desse ano. Portanto, no próximo verão os homens devem começar a usar mais essa moda.



é um pouco da moda anos 80 - o look physical - dando as caras.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

agora só se fala em cinema




na sexta-feira começa a 31ª Mostra Internacional de Cinema em SP. durante quase duas semanas a gente vai ter a oportunidade de assistir filmes de diversos países que talvez nunca entrem em cartaz por aqui.


a retrospetiva será para a obra de Jia Zhang-Ke - cineasta chinês. os franceses Claude Lelouch e Jean-Paul Civeyrac também ganham destaque na programação. na abertura da mostra haverá a exibição de "O Passado" de Hector Babenco - ele também assina o cartaz dessa edição da mostra.


a programação completa ainda não saiu, mas você poderá acompanhar em:

rraurl em novo visual

o site rraurl completou dez anos e mudou totalmente o visual. além do conteúdo de primeira, os caras estão mais interativos, super tecnológicos, coloridos e mais leves. me lembro do começo do site, das seções e dos textos... parabéns pro pessoal!

então: tropa de elite




ok. a gente foi ver o filme brasileiro mais visto antes mesmo de ter sido lançado no cinema - "tropa de elite".


tecnicamente é um filme muito bem feito e não fica devendo nada ao cinema de ação americano. não que seja uma cópia do cinema de lá, muito pelo contrário, muitas formas e todos os temas são nacionais e bem recheados.


é importante dizer isso porque tem muita gente que gostaria que o cinema nacional tivesse um "jeitão" de cinema americano - com ação, explosão, efeitos especiais; tem gente que até gostaria de ver filmes de ficção científica por aqui. esse filme, como ele é feito, pode atrair esse expectador que ainda tem preconceito com o cinema brasileiro e acabar de uma vez com esse fantasma.


a grande polêmica está no outro lado da moeda: os temas. a partir da idéia 'o indivíduo é corrompido pelo meio social em que vive' - portanto, o indivíduo honesto que pretende arrumar o mundo, acaba sendo vencido pelo sistema desonesto que o cerca - desfilam pelo filme policiais corruptos, a ligação deles com o tráfico de drogas e até os universitários que também alimentam esse mesmo sistema.


esse assunto dá muito pano pra manga, e muita gente tem as mais diversas teorias a respeito. talvez o mérito do filme seja o de lançar luz sobre um tema que merece ser debatido na nossa sociedade. outra coisa: existe hoje em dia uma tendência nas pessoas de quererem a realidade como ela é, nisso todos acabam esquecendo que um filme não é a realidade em si.


enfim... o filme tem mérito!


só um detalhe: parece que em certos momentos ocorrem homenagens a 'Cidade de Deus', filme precursor desse gênero, sobretudo na seqüência inicial do baile funk, em algumas cores meio laranja / amarelo / vermelho, na edição e na montagem. pode ser que a contribuição de bráulio mantovani no roteiro e daniel rezende na montagem tenham a ver com isso.

sábado, 13 de outubro de 2007

mais uma no centro de sp



as coisas no centro de sp estão melhorando muito! e agora parece que é a vez da rua general jardim na vila buarque. a escola da cidade - que ocupa o primeiro quarterão da rua e é uma faculdade de arquitetura e urbanismo - está organizando uma mostra de cinema nordestino. na programação tem filmes como baile perfumado e cinema, aspirinas e urubus. detalhe: é de graça.


melhor ainda é saber que depois do filme você ainda pode tomar um cerveja e comer alguma coisa no Bar B - do Marcelo Dionísio, Amina e Nina que fica colado com a escola da cidade. eles tiveram a idéia de criar o bar e foram em frente. deu super certo. a gente é que fica mais feliz ainda com esse boom.


Bar B
Rua General Jardim, 43
Tel.: 3129-9155

Escola da Cidade
Rua General Jardim, 65

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

the twelves

os cariocas the twelves - J. Miguel e Luciano Oliveira - estão com tudo. eles tem composições próprias mas estão ficando bem conhecidos mesmo pelos remixes que andam fazendo. um foi pra música da mia - boyz; outro foi pro erlend oye - sudden rush; e tal.

ouvindo a gente se lembra bastante do pessoal do selo ed banger e do produtor/dj erol alkan que pelo jeito já andam fazendo escola. tem até festas aqui em são paulo inspiradas pelos caras.voltando ao the twelves: eles tocaram no milo, vão tocar no vegas e parece que também se apresentam num desses festivais que vem por aí. bacana, não! bom, boa sorte para os caras e tomara mesmo que eles acabem com o baile.

quer conhecer: http://www.myspace.com/the12s

the velvet underground and nico - 40 anos




então... é só porque eu não queria que passasse em branco a comemoração de 40 anos do lançamento do disco Velvet Underground & Nico. é uma banda muito importante para a história do rock - sobretudo o rock lado b - porque foi precursora de muita coisa que viria surgir depois.


lou reed, nico, john cale, maureen tuker e sterling morrison - a produção foi do warhol mas na verdade o que ele mais fez foi colocar umas idéias; john cale e outros caras é que fizeram a parte mais "prática" da produção do disco em si. isso não tira os méritos de warhol e nem da banda.


enfim, grande disco, grande banda!

radiohead - in rainbows




o assunto mais falado do momento é o novo cd do radiohead "in rainbows". na verdade, a questão toda não é as músicas do cd em si. muita gente já está acotumada com as experimentação e loucuras que a banda promove. o foco de todo o assunto é a maneira como o cd foi lançado e a distribuição de suas músicas.


é assim: você vai lá no site da banda e paga quanto quiser pelo cd. isso mesmo, você pode pagar qualquer quantia e depois recebe um link para baixar o cd inteiro. perceba que quem está fazendo isso não é uma banda qualquer, mas sim uma banda de renome que já está na estrada faz um tempinho. os caras tem gravadora grande, ganham dinheiro e tal.


só que não para por aí. só é possível baixar um cd, mas esse cd novo é duplo. para conseguir o outro é preciso comprar todo o kit - cd duplo e mais um monte de coisas.


pode ser que o radiohead esteja mostrando como será o futuro do mercado fonográfico.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

novas revistas no mercado

e temos duas novas revistas no mercado editorial brasileiro: Junior e Gloss. a primeira é uma revista gay editada pelo pessoal do mix brasil + editora sapucaia - um pouco na linha da revista francesa tetú, porém com um jeito e uma cara mais brasileira; a segunda é uma revista voltada as mulheres que não são nem muito adolescente nem muito senhoras e querem ficar antenadas para o que esta acontecendo no mundo - além da aposta no segmento existe a aposta no formato 16,9 x 22,3 cm e 240 páginas.


boa sorte as duas revistas, tomara que elas façam o mercado editorial do nosso país crescer.

bugged out - klaxons



os klaxons agora também integram a turma do quesito tenho uma banda new rave e também sou dj. os garotos ingleses organizaram uma compilação - com cd duplo - da série BUGGED OUT! Mix. parece que o primeiro cd é mais voltado para as pistas com direito a justice e chemical brothers, enquanto o segundo mostra as influências da banda - liars, united states of america, josef k, blur e roy orbison.


diz que eles detestam o tal rótulo new rave e fazem até piada disso.

PARIS FASHION REVIEW



Será que vai dar tempo de falar sobre tudo de incrível que apareceu em Paris??? Ah vai sim. Não podemos deixar passar em branco muita coisa. Bom, claro que alguma coisa, sempre fica né? Especialmente em um texto tão resumido assim, mas vou tentar ao máximo, juro!
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Tudo aquilo que foi forte na estação passada, ficou para o passado mesmo. A mulher já não é mais tão forte e com looks tão pesados; agora ela é muito mais leve e fluída, muito mais romântica e muito feminina. Apresentado em muitos desfiles em Paris (e também Milão), esta tendência ficou bem clara em desfile como o da Chlòe e o da Miu Miu, por exemplo.

Nada de marcar muito o corpo, a mulher tem que estar livre na próxima estação. Até a Balenciaga que mostrou as mulheres em armaduras medievais e nada fluídas conseguiu transformar tudo isso em algo extremamente feminino com as estampas florais colocadas sobre as peças. E ai de quem não usar floral na Primavera 2008.


Estampas, estampas e estampas. Este com certeza é o carro chefe da próxima estação, elas podem ser florais, listradas, geométricas ou abstratas, mas elas têm que aparecer com certeza. No caso de Jean Paul Gaultier ele não deixou as estampas de lado mesmo, todas elas, e transformou a vida de Jack Sparow e de qualquer outro pirata do Caribe em muito mais glamour!

Outra tendência que marcou a semana de moda da cidade luz foi a alfaiataria masculina e as calças pantalonas (essa já pegou!)

O jeans também vai pegar e forte, eu imagino, ainda mais depois de, justo quem??? CHANEL colocar looks inteiramente em jeans para abrir o seu desfile. E por falar em Chanel, era para ser satírica a questão das listras e estrelas??? Será que todo mundo entendeu??

Viviane Westwood mandou muito bem em seu Manifesto 56 (devido à nova lei britânica que transformou em 56 o número de dias que um suspeito de terrorismo deve fica preso sem julgamento). Peças com uma modelagem incrível e sempre sem mudar os seus conceitos iniciais ainda mais com esta inspiração!

No maior estilo Marlene Dietrich as mulheres Dior apareceram com lindos ternos de três peças e com vestidos inspirados no Great Gatsby de F. Scott Fitzgerald. E as mulheres de John Galliano?? Elas vieram parecendo bonequinhas de uma caixinha de música.

McQueen fez um tributo a Isabella Blow e deu super certo, desfile lindo, além de emocionante.


E os acessórios...

Depois das bolsas assinadas por Takashi Murakami e Julie Verhoeven foi a vez de Richard Prince assinar a sua coleção de bolsas para Louis Vuitton ao lado de Marc Jacobs. Elas foram um grande sucesso, mas por aqui, só no ano que vem!!

Não podia deixar de falar dos calçados, que na verdade chamaram a minha atenção durante todo o mês. De Marc Jacobs a Nina Ricci e sem falar nas sandálias lindas da Costume National.

Bom, agora vamos esperar para ver tudo isso nas páginas das revistas e nas ruas onde cada um vai usar as tendências colocando nela a sua cara.

vem na uncut: cd acid folk


a revista uncut desse mês - que tem o led zeppelin na capa - vem com um super cd encartado. é uma coletânea de acid folk organizada por ninguém menos que Devendra Banhart. a coletânea se chama "Love Above All". tem até música de Rodrigo Amarante (ex Los Hermanos).

Falando em Rodrigo Amarante, diz que talvez ele participe do cd dos Strokes também. fino!

eles vem aí...


você já sabe que james murphy e sua turma vem ao Brasil em novembro, né? pois é, eles vêm. e você também já sabe que o disco "Sound of Silver" é um dos mais legais desse ano, né? pois é, é um dos mais legais. e você também já sabe que o james murphy junto com um parceiro da DFA pat mahoney organizou um FABRICLIVE36 com musiquinhas pra lá de bacana? pois é, organizou.

dá pra perder?

corredor literário em sp

hoje começa o corredor literário na avenida paulista. durante uma semana quem passar por lá vai poder ver mesas redondas, workshops, palestras, rodas de poesia, intervenções de rua, "contação" de histórias, apresentações teatrais e filmes. vai ter até uma feirinha vendendo livros - tomará que seja um preço bem bacana.

outro dia vi uma entrevista do Affonso Romano de Sant’Anna no site da livraria cultura, disse ele "não adianta muito a gente recomendar livros. Cada leitor tem seu encontro marcado com um ou mais livros. Tem gente que virou leitor depois de ler 'Eu, Christiane F., 13 anos, drogada, prostituída'. Nem sempre 'Dom Casmurro' ou 'Madame Bovary' são os que seduzem". Tá lá no site da livraria.

de repente, essa é uma boa oportunidade para que a gente tenha mais e mais leitores no brasil. dizem que há modas que são para o bem! essa deve ser uma delas.

destaque para as palestras sobre blog. tá vendo que importância esse negócio tá ganhando.

satyrianas na praça roosevelt

o centro de são paulo, que andava um pouco decadente, vem passando por um longo processo de revitalização. que bom que isso está acontecendo e melhor ainda é saber que a sociedade está somando esforços para ajudar no que pode. a companhia de teatro os satyros é um exemplo disso.

o grupo chegou a praça roosevelt e se instalou por lá. aos poucos eles estão transformando a região num grande polo de cultura e resgatando a vida do lugar. todos os anos - pelo menos desde 2002 - eles organizam um evento de ocupação da praça roosevelt e entornos. esse ano não será diferente. o evento satyrianas acontece de 11 a 14 de outubro com peças de teatro, debates, teatro de rua e espetáculos de música. além da praça, o evento vai para a vila madalena, vila buarque, santa cecília, bela vista, itaim bibi, santana e luz.

tem um monte de coisas e a programação inclui coisas madrugada adentro.

Satyrianas - uma Saudação à Primavera de 11 a 14 de Outubro de 2007
http://satyros.uol.com.br

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

HIPSTERS



você sempre quiser saber o significado da palavra hipster, mas nunca teve coragem de perguntar? então seu problema já foi solucionado. Robert Lanham, um certo "agitador cultural" norte-americano escreveu um livro que explica tudo sobre os hipsters: "the hipster handbook". e tem até um site na internet com tiradas pra lá de engraçadas. Por exemplo, essa lista para você saber se você é um hispter ou não:


CLUES YOU ARE A HIPSTER


1. You graduated from a liberal arts school whose football team hasn't won a game since the Reagan administration.
2. You frequently use the term "post-modern" (or its commonly used variation "PoMo") as an adjective, noun, and verb.
3. You carry a shoulder-strap messenger bag and have at one time or another worn a pair of horn-rimmed or Elvis Costello-style glasses.
4. You have one Republican friend who you always describe as being your "one Republican friend."
5. Your hair looks best unwashed and you position your head on your pillow at night in a way that will really maximize your cowlicks.
6. You own records put out by Matador, DFA, Definitive Jux, Dischord, Warp, Thrill Jockey, Smells Like Records, and Drag City.

CLUES YOU ARE A NOT HIPSTER

1. You teach Sunday School.
2. You are a big fan of the suburbs and vinyl siding.
3. You have a special "spill shirt" that you wear when you eat dinner at night.
4. You read novels with raised lettering on their covers.
5. You eat at Popeye's on a regular basis.
6. You work in an office building that has a man-made pond and a fountain in its front lot.

gostou? então acesse o site e se divirta: http://www.hipsterhandbook.com/

p.s.: será que a gente tem algum similar do hipster por aqui?

terça-feira, 9 de outubro de 2007

reconstruindo oswald de andrade

quando falamos sobre tropicalismo num post antigo, acabamos nem falando muito sobre uma figura importante da literatura brasileira moderna: Oswald de Andrade. engraçado, mas todo mundo sempre tem dúvida sobre a pronúncia do nome dele. é oswald mesmo, como se disse "ôsvaldi". quem brincava era o Mário de Andrade que chamava ele de "Osvaldo".

Oswald de Andrade era jornalista e ensaísta, escreveu romances, poesia e teatro. teve uma vida cultural agitada em são paulo e foi um das principais figuras da renovação que viria a ser conhecida como "Semana de Arte Moderna de 22". a maior contribução de Oswald certamente aconteceu na literatura.

depois de lançar um jornal e viajar pelo Brasil, ele vai a europa e conhece muitos países. quando retorna trás na cabeça inúmeras idéias revolucionárias, técnicas que tomou emprestada do movimentos de vanguarda que estavam acontecendo nesse período. logo em seguida acontece a semana de arte moderna. a partir dessa experiência é que Oswald começa a escrever manifestos e passa a incorporar a estética de seus manifestos em seus romances e poemas. os mais importantes são:

a) romance: "Memórias sentimentais de João Miramar" (1924) e "Serafim Ponte Grande" (1933);

b) poesia: "Pau-Brasil" (1925) e "Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade" (1927);

c) manifestos: "Manifesto da Poesia Pau-Brasil" (1924) e "Manifesto Antropófago" (1928).

têm gente que diz que ele não passou de um burguês fazendo arte e que suas estripulias merecem ser desprezadas. o fato é que a importância de Oswald ainda está para ser descoberta. certamente o Brasil estaria anos atrás do resto do mundo se não fosse por ele. o manifesti antropofágico foi citado por muita gente e serviu de inspiração para diversos movimentos culturais que surgiram depois. é na antropofagia que o brasileiro parece descobrir e aceitar seu cerdadeiro espírito.

enfim, homem de uma grande obra!

sábado, 6 de outubro de 2007

visitando o vídeobrasil


ampliando os horizontes culturais demos uma passada no prédio do SESC Paulista para visitar a exposição do 16º videobrasil. no total são uns três andares ocupados com vídeos e instalações, como o tema é "limite" e vídeos experimentais dois deles são inteiramente dedicados a Marcel Odenbach e Peter Greenaway. o andar com vídeos do Odenbach é interessante mas parece um pouco pequeno, falta maior informação dos monitores e painéis mais explicativos. é imperdível mesmo o andar com a vídeo instalação de Peter Greenaway - que inclusive abriu a mostra. são malas em que ele guarda objetos que representam o mundo e a passagem dele pelo mundo. ele continua com a sua busca pela arte total que integre várias linguagem: vídeo, cinema, literatura, artes plásticas, performance, etc.


o outro andar ficou ocupado por vários artistas que exploram o vídeo mais recentemente. legal perceber que mesmo uma arte experimental como o vídeo ainda parece não ter chegado ao seu limite. com novos suportes e nova tecnologia a coisa parece caminhar para muito longe. dá até para pensar: será que muito em breve a gente vi ter de ser artista para pensar em fazer vídeos como esses? o youtube deve ter pelo menos umas centenas de imagens muito parecidas. veja o Arthur Omar e o Carlos Calado.


no mezanino ainda tem uma loja com coisas fofitas para você comprar. vale a visita!


agora me parece mais imperdível mesmo a exibição dos vídeos do Kenneth Anger (precursor do videoclipe e do cinema underground) e de um filme do Andy Warhol. parece que existe uma experimentação de Jean Genet também.


sexta-feira, 5 de outubro de 2007

sputnik




ontem o assunto que mais deu ibope na internet foi a comemoração de 50 anos do lançamento do sputnik. a data é importante pq marca o início da chamada guerra fria: nessa época havia uma disputa entre os capitalistas americanos e os socialistas russos. o sputnik era russo e com o seu lançamento começou a haver uma certa paranóia no mundo... todo mundo achava que a rússia ia promover um ataque de bombas vindas do espaço.
mas esse lançamento também marca o início das pesquisas espaciais e tudo o que essas pesquisas puderam promover de avanço aqui pra gente.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

paris, je t'aime!

a revista xlr8r trouxe na edição desse mês um especial enorme sobre paris. lá têm notícias sobre a cena musical francesa, bandas e produtores de lá, um guia sobre pontos da cidade em que estão acontecendo coisas bacanas, clubes, bares, livrarias, lojas para compras, etc.

muito legal!

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

a divisão do prazer


o pós punk está mesmo na moda. só que mais na moda ainda está o joy division. a banda seminal de manchester vai estar presente no filme sobre Ian Curtis - vocalista e líder da banda. quem viu o filme 24 Hour Party People deve se lembrar das cenas em que a banda aparecia gravando no estúdio e se apresentando em alguns shows.

Ian Curtis era mesmo uma figura intrigante. parece que todo o conceito da banda e do som crú veio da cabeça dele. acabou se tornando o depoimento de uma geração inteira. toda vez que toca "love will tears apart" parece que dá pra sentir o desespero que ele sentia naqueles tempos.

enfim... as homenagens já começaram. o filme deve rolar por aqui logo mais. o lcd soundsystem gravou um cover de "no love lost". fino!

terça-feira, 2 de outubro de 2007

?????

Pq ninguém comenta o nosso blog????? Estou me sentindo péssima!!!!

Milan Fashion Review



Atrasada, mas cheguei!!! A semana de Paris já começou, mas eu não podia deixar passar em branco a de Milão (minha cidade favorita no mundo!!!!!).
Apesar de muito trabalho (by the way, domingo fizemos um editorial lindo. Depois eu mostro!) aqui vai o nosso review de Milano!!

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O desfile mais aguardado era o da Prada e como sempre arrasou. Uns amaram, outros nem tanto, mas ninguém deixou de comentar. Miuccia criou um conto de fadas anos 70 na passarela e apresentou lindos vestidos, camisas e macacões com recortes incríveis nas golas num look meio brechó. Amei!!

Giorgio Armani continuou inspirado na Índia, desde o desfile passado da Prive, mas não implacou tanto assim. O mesmo aconteceu com Ferré que teve um desfile esperado após a morte de Gianfranco no meio do ano, mas os casacos de couro furadinhos eram lindos.

As estampas florais continuaram aparecendo em Milão em diversos desfiles: desde a clássica Salvatore Ferragamo até a sexy Dolce & Gabbana e a divertida, mas desta vez um pouco mais Chanel, Moschino.

Enquanto quase todo mundo apostou em estampas foi Donatella Versace que apresentou uma coleção quase sem nenhuma e justo ela! A cartela de cores estava linda desde o preto e o bege até as cores mais flúor, como o verde,o rosa, o amarelo e o azul e os looks very classy surpreenderam os fotógrafos e jornalistas.

Romântica e chique a mulher para a moda italiana na Primavera 2008, mas com qualquer coisa de rock e street, como disseram Christopher Bailey da Burberry Prorsum e Roberto Cavalli em sua Just Cavalli.

Mi piace Milano!!!!!!!

quem é que comanda toda essa informação?

ok. nenhum de nós por aqui é jornalista para saber responder essa questão. o fato é o seguinte: será que a gente não acabou se tornando um mero reprodutor de notícias? quem é que comando todas essas informações que saem nas revistas/jornais? e como é que a gente faz para poder comandar também?

às vezes é um pouco estranho você pensar que a gente só comenta o que as revistas e jornais do exterior lançam como notícia. pode pensar sobre isso pq é verdade: leia a pauta da imprensa brasileira. tirando os assuntos nacionais o resto é só comentário em cima de notícias vindas da imprensa estrangeira.

não há mal nenhum nisso. só que ninguém gosta de ser só um comentador, né? a gente gosta mesmo é de lançar informações e ser inteligente o suficiente para poder criticar essas informações, podendo desmontá-las sempre que for necessário.
mas é díficil, né?

o fim dos mitos

a revista VEJA trouxe essa semana uma reportagem especial sobre o guerrilheiro Che Guevara - detalhe essa reportagem era matéria de capa. essa revista tem fama de ser um pouco tendenciosa nos textos que escreve e no posicionamento político que ocupa. sim, é o que muita gente diz por aí. lendo o texto, a gente observa alguns excessos aqui e outros ali mas cita fontes legitimas etc e tal.

dito isso, a gente quer chamar atenção para o seguinte: a maneira como a história constrói mitos e o quanto esses discursos sobre heróis acabam se tornando verdadeiros em nossa sociedade. e nisso a reportagem da VEJA acaba sendo eficiente: todo o excesso tem a intenção de desmistificar Che Guevara.

é importante nota isso: Che Guevera é uma personalidade que disperta paixões nas massas. ele está em camisetas, bonés, tatuagens, botons, livros, revista, etc. falar contra esse herói romantizado é arrumar briga contra todo esse circuito. dá pano pra manga, casamentos, amores e amizades podem ser desfeitos por causa disso.

a paixão é mesmo idealização - como dizem - quanto mais apaixonados, mais nos distanciamos do objeto real de nossa paixão. por isso, quando acreditamos no discurso da história precisamos criar certas desconfianças. precisamos nos aproximar da ideologia da época, ler fontes legitimas, estudos sérios, etc. Daí sim, teremos propriedade para dizer qualquer coisa a cerca de um assunto.

desmistificar Che Guevara é humanizar Che Guevara. isso não é um problema específico dele ou da esquerda política, muito pelo contrário, é um problema da história e do funcionamento da nossa sociedade.

o terreno dos discursos, das formações discursivas e das verdades é assim, como areia movediça! precisamos saber quem falou, quando falou e como falou.

é só pra gente pensar um pouco, vai!

digitalism cancelado

mágoa!
os caras cancelaram a apresentação esse final de semana no clube clash. disseram que estão cansados.

tudo ao mesmo tempo e agora

parece que todo final de ano as coisas ficam complicadas por aqui. calma! não é o fim do mundo ou algum problema sem solução. muito pelo contrário. acontece que quando chega outubro parece que todos os gringos da música resolvem aparecer no Brasil. a quantidade de shows, festas, mostras, eventos, etc., é absurda!

só para você ter uma idéia esse sábado a dupla digitalism vai dar as caras por aqui, no clash. os caras foram escalados para o festival nokia trends, por conta de alguns problemas o festival teve de ser adiado. parece que o joakim também seria escalado para o nokia trends. se acontecer a mesma coisa que aconteceu com o digitalism, o cara deve discotecar em algum clube logo mais.



bom, agora tá rolando videobrasil. tem conferencia da aica. tem fórum latino-americano de fotografia. tem TIM Festival. ufa! e tudo só nessas três próximas semanas. sem contar o que ainda vem por aí.

p.s.: essa foto do digitalism tem alguma coisa a ver com a capa do man machine do kraftwerk, né?