Os Chemical Brothers estão lançando um novo disco, chamado Further. A notícia já vem rolando faz tempo, mas agora saiu oficialmente na íntegra. Um amigo me emprestou o CD original mesmo - nada de MP3, etc. Gostei bastante da capa. Aliás, em termos de projeto gráfico e visual a dupla nunca fica devendo nada.
Sonoramente, os Chemical Brothers estão de volta a velha forma. Citam a si mesmos. Parece que olham para o passado em busca de um futuro menos imaginário e mais concreto. Vou explicar, de maneira bem prosaica, o que quero dizer com isso: o projeto da modernidade carrega consigo a marca da inovação. Por isso, todo o sujeito tem a obrigação de soar sempre inovador. A indústria cultural espera sempre por isso. "Make it new", como dizia Ezra Pound. Quando o Chemical Brothers apareceu, eles eram extremamente inovadores e apontavam para uma música do futuro. Um futuro que imaginavamos, naquela época, igual ao desenho da família Jetsons. No fim dos anos 90, a dance music e o big beat (gênero em que a dupla estava inserida) começaram a dar sinais de cansaço, repetição de fórmulas e toda sorte de coisas que as pessoas encaravam como fora de moda.
O Chemical Brothers, estou pensando aqui especificamente neles, continuou produzindo e lançando álbuns em busca de soarem inovadores novamente. As pessoas, direta ou indiretamente, também esperavam isso deles. Nesse percurso, os irmãos químicos, flertaram com: rock, hip hop, electro, etc. Considerando o conjunto, eles pareciam perdidos e não encontravam uma saída que daria fôlego a dance music que estavam fazendo.
Mas aí aparece um disco como Further. Que simplesmente rompe com essa "maldição inovadora" da modernidade. Parece que os dois revisão o passado encarando de frente a tradição que eles criaram. Prova de que você não precisa ser pretencioso e pode fazer algo muito bom sendo simples.
Em Further, você encontra um pouco do universo do Chemical Brothers do passado: faixas voltadas para as pistas de dança e faixas totalmente viajandonas - do jeito que a gente gosta. O disco é curto, mas muito bem realizado. Tem guitarras, tem distorções, tem batidas e vocais.
Mas eles voltaram a ser big beat, então? Será que o big beat está tendo o seu momento de revival? Me parece que não. Dos anos 2000 para cá, a disco punk, o electro, o minimal, a space disco e os edits dos novos produtores, abriram muitos caminhos para o uso de novos elementos na dance music. O rock já se uniu a dance music, de modo que as guitarras convivem em paz com as batidas - é que nos anos 90 havia uma guerra entre a dance music e o rock. Portanto, o Chemical Brothers revisa seu passado mas não volta a ser big beat. Agora, eles olham para o futuro de modo mais maduro. Pegando o que fizeram e moldando ao mundo de hoje.
É um disco bem legal. Para você que é fã dos caras ou para você que está conhecendo o trabalho deles agora - nesse último caso, vale rever o passado deles.
terça-feira, 29 de junho de 2010
POR QUE GOSTEI DE FURTHER, DOS CHEMICAL BROTHERS?
segunda-feira, 21 de junho de 2010
VOCÊ CONHECE O TBD? POIS DEVERIA CONHECER
sexta-feira, 18 de junho de 2010
MARK FARINA NA FREAK CHIC
quarta-feira, 16 de junho de 2010
LINDSTROM E CHRISTABELLE REFAZENDO A DISCO
Eu já falei muitas vezes sobre Prins Thomas. Tantas vezes que acabei esquecendo de falar que seu parceiro de longa data, Lindstrom, lançou um disco novo quentíssimo. É uma parceria também, mas não entre os dois. Desta vez, Prins Thomas deu lugar a musa Christabelle. O disco novo chama-se Real Life is No Cool e foi lançado no início desse ano. Trata-se de uma boa surpresa para quem gosta da Space Disco feita pelo norueguês.
Lindstrom, antes do disco com Christabelle, estava fazendo músicas mais experimentais. As faixas do EP Where You Go I Go Too, por exemplo, eram longas, cheias de um clima psicodélico, viajante, etc. O que não quer dizer que era um disco chato, muito pelo contrário. Lindstrom estava apontando para outros caminhos, trazendo outras referências e tirando certa monotonia da dance music. Ainda que nenhuma faixa fosse feita para as pistas de danças, sabiamos que a ideia estava presente.
Parece que Christabelle foi a responsável por dar novo ritmo ao corpo musical de Lindstrom. A voz dela realmente impressiona, mesmo cantando faixas mais lentas. Há sensualidade, ironias, brincadeiras e diversão. Lindstrom também leva as construções musicais aos limites, acelerando e abusando como pode os ares da Disco Music. O ponto alto é a faixa "Baby Can't Stop" que ganhou um remix da dupla Aeroplane. Eu também gosto do cover para "Let It Happen", do Vangelis. A versão desse disco em vinil tem ainda um homenagem ao Bolero, de Ravel, chamada "Little Drummer Boy".
sábado, 12 de junho de 2010
A DANCE MUSIC JÁ TEM UMA PRÉ-HISTÓRIA
segunda-feira, 7 de junho de 2010
youPIX 2010 VAI DEBATER A RELAÇÃO DA INTERNET COM A NOSSA VIDA NOTURNA
Acontece essa semana no MIS o youPIX 2010. Trata-se de um evento com palestras, debates e workshops sobre o ambiente da internet e suas redes sociais. Tudo bem informal, descontraído e para todos os públicos. Achei a iniciativa bacana e pelo que li essa já é a sétima edição do evento. Duas coisas são particularmente interessantes: o debate Fuzuê: A web e a noite que vai tratar da relação que a internet estabelece com as festas e os clubes noturnos; e a sabatina com Anthony Vodkin criador do Hype Machine.
sexta-feira, 4 de junho de 2010
CLÁSSICOS DA HOUSE MUSIC #2
Loose Joints - Is it all over my face?
West End Records
Na verdade não é propriamente uma faixa de House Music. Está mais próxima da Disco, eu acho. Mas posso dizer que é uma espécie de proto-house music. Até porque Larry Levan fez a mixagem e quando ele tocava essa faixa no Paradise Garage as pessoas iam a loucura. Arrisco a dizer que até hoje as pessoas ainda vão a loucura, aonde quer que ela toque.
Loose Joints, a dupla por trás de Is it all over my face, é ninguém menos do que Arthur Russell e Steve D'Acquisto. Russell já estudava música há muito tempo e tinha uma verdadeira paixão pela cena clube de Nova York. D'Acquisto era dj e frequentador assíduo do The Loft, de David Mancuso. O encontro dos dois resultou nessa faixa incrível. Parece que Russell era bastante tímido e quando ele ouviu essa faixa na pista de dança a primeira vez, ficou com receio. Ele a achava bastante primitiva. Depois que viu as pessoas dançando enlouquecidas, deu um sorriso.
O que me impressiona nessa faixa é o jeito orgânico e eletrônico que convivem muito bem. Por cima do ritmo a gente tem uma série de melodias e dinamicas que produzem um molho todo especial. O baixo é marcante e o vocal vem no momento certo, mesmo sendo minimalista - tem uma versão com vocal feminino e uma versão com vocal masculino. É uma daquelas faixas que não precisam ser modificadas. Um verdadeiro clássico.