sábado, 12 de junho de 2010

A DANCE MUSIC JÁ TEM UMA PRÉ-HISTÓRIA


Vocês viram o artigo A volta dos dinossauros da música eletrônica, assinado por Cláudia Assef no caderno C2+música? É possível ler na versão online, mas vou resumir. Criando um paralelo com a expressão "dinossauros do rock", Cláudia Assef fala que os clássicos da dance music também já estão ficando velhinhos: Kraftwerk foi o precursor de uma linhagem que chega aos anos 90 com Chemical Brothers, Underworld, Orbital e Letfield. Essa geração, aos poucos, está de volta com discos novos e show acontecendo em festivais importantes.

A única coisa que eu ressinto no artigo é o fato de a linhagem ter ficado restrita ao big beat e seus desdobramentos. Como a gente sabe, a dance music é um enorme guarda-chuva que abriga diversos gêneros e subgêneros. O big beat representou apenas uma dessas inúmeras vertentes. E foi o gênero que teve maior apelo popular por flertar com rock, reggae, psicodélia, etc. Também considero que o Kraftwerk foi o responsável por formatar a dance music, porém outros elementos foram adicionados ao caldeirão e resultaram em muitos outros formatos.

Se pensarmos em disco music teremos mais dinossauros nessa família. Se pensarmos no pessoal de Nova York, Chicago e Detroit teremos outros. Se pensarmos no efeito colateral tomou a Europa também haverá mais exemplos da espécie. A lista é realmente bem grande e difícil de resumir em um único artigo. Eu compreendo a escolha do artigo.

Hoje me parece muito complicado fazer distinções entre cada uma das vertentes da dance music. Todas as linhagens se diluiu bastante. House, tecno, trance e drum'n'bass ainda existem mas é difícil definir o limite de cada um nos anos 2000. Explicar essa diferença para um público que não costuma ouvir dance music é uma tarefa de Hércules.

Não estou desmerecendo o artigo. Cláudia, como poucos, tem propriedade para falar sobre o assunto. Ela é autora do livro Todo DJ já sambou - mesmo nome do blog que ela mantém -, já escreveu sobre esse assunto e muitos outros para os jornais e revistas mais importantes do país, editou a revista BEATZ (na minha opinião a melhor revista de dance music que já tivemos) e VOLUME 01, etc. Também já trabalhou com programas de rádio e direção artísticas de festivais. Ou seja, ela tem clara consciência da história da dance music - sim, já temos uma história.

Espero que esse artigo sirva para estimular o aparecimento de outras pequenas histórias sobre essa história maior. Afinal, a gente não quer só dançar. A gente quer dançar e dialogar com um passado tão rico que existe e não pode ser esquecido.

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